segunda-feira, 11 de julho de 2011

Porque Getulio Vargas não sai de cena?

   Vargas é um personagem controverso, difícil de definir. Com os avanços e retrocessos de seus governos, até hoje, depois de seu suicídio sua “aura” ainda paira sobre o governo, nos debates de modelos políticos, o populismo e principalmente o discurso de desenvolvimento e crescimento econômico ecoa até hoje, mas contrasta com um governo autoritário, principal característica de seu governo.
   Depois de sua morte, o golpe militar vai trazer seu nome de volta a cena nacional, pela sua figura autoritária, e com o discurso do desenvolvimento,  a censura, e o apoio da mídia para a construção e fortalecimento de suas idéias, encobrindo assim as grandes atrocidades e perseguições feitas aos movimentos contrários ao regime militar.
   Com a redemocratização do país a figura de Vargas se desvincula da ditadura, para o modelo de um governo democrático e nacionalista, e ganhou força com a comemoração dos trinta anos de sua morte, e por conta de Tancredo Neves que foi ministro de seu governo, se tornou mesmo que por meio indireto, o primeiro presidente civil depois do golpe de 64.
   Nos anos 90 do século XX, Vargas já vira um inimigo das idéias neoliberais, estando ligado a uma idéia de atraso ou de uma “herança negativa “, pois defendia um Estado forte e que centralizava a economia, e ia contra as idéias das privatizações e de mudanças das leis trabalhistas, o Vargismo era visto como uma “trava” para a modernidade.
   O debate muda com a eleição de Lula, à uma retomada do debate sobre um  desenvolvimento nacional democrático seria o seu legado, pois o histórico do presidente  que foi líder sindical reforçava as idéias de Vargas. Um paralelo sobre os dois, Vargas e Lula é um pouco complicado, pois os dois tinham bases políticas diferentes, mas encontramos  alguns pontos em comum, como as questões do petróleo e das fontes de energias alternativas,  a relação e construção da sua imagem.
   A construção de um líder, passa primeiramente pela imagem, e para isso a imprensa tem papel fundamental, tanto Vargas como Lula tiveram seus momentos de exaltação  e de crise com a imprensa. No caso de Getulio Vargas, ele foi considerado como o “ Pai dos pobres”, mas sofreu com as acusações em seu segundo mandato. Já Lula que perdeu três eleições, contou  com a “ajuda” de profissionais do marketing para mudar a visão de um líder comunista comedor de criançinhas, para um  “Lulinha paz e amor” que lhe garantiu a presidência , mas sofreu com a crise do mensalão.
A propaganda está sendo uma figura indispensável nas eleições presidenciais, seja a construção da imagem ou destruição da mesma. Assim como Collor, de bom moço foi a mal caráter e derrubado do governo, na construção de um “intelectual com cara de povo” como no caso de Fernando Henrique, o pai do plano real. Diante de todos estes momentos na política brasileira e de tantos nomes fortes, Getúlio Vargas nunca deixou de ser um ícone, quando o assunto era governo e propaganda.

Ireldo Alves da Silva.
Marcelo A.O.J. Leite.