sábado, 9 de janeiro de 2010

Pensando Maquiavel Como Vanguarda Na História.




Nicolau Maquiavel nasceu em 3 de Maio de 1469 na cidade de Florença.. Em sua adolescência demonstrava um excelente nível intelectual. Mas apenas aos 29 anos exerce seu primeiro cargo público na vida na Segunda Chancelaria de Florença.
O que o destacava como grande personagem renascentista, era o profundo distanciamento da escolástica medieval onde nega crer no fenômeno histórico cristão, segundo o qual, o desenrolar dos fatos humanos no tempo cumpre desígnios divinos dirigindo-se linearmente ao juízo final.
Bem antes de Giambatista Vico (XVII) se opor a Descartes em relação à inutilidade do estudo da história e de enxergá-la “cíclica” ( Corsi e Ricorsi) e de Nietzsche (XIX) desenvolver a Teoria do Eterno Retorno, Maquiavel já acreditava na investigação empírica que consistia na busca da prática dos fenômenos do poder , não de forma em que se encontrasse o tipo de Estado ideal, mas por entender como as organizações políticas se fundem, se desenvolvem, persistem e caem , ou seja, busca no passado ciclos históricos de governos, revoluções bem ou mal sucedidos, onde acertavam e onde erravam em sua decisões, na busca de entender a suas projeções históricas.
Todo esse estudo desenvolvido, somado com a sua experiência na vida pública o levara a conclusão de que os homens seriam todos egoístas e ambiciosos, só recuando da prática do mal quando coagidos pela força da lei. Para Maquiavel, a arte de saber governar triunfaria sobre a ação humana e a teoria da história.
Apesar de sua grande contribuição ao estudo da história, seu trabalho só ganhou notoriedade depois de seu falecimento em 1527 e não no desenvolvimento do estudo histórico, mas na forma de governar. Influenciou muitos reis no sentido da prática de forma de articulação nos governos, como Henrique VIII na Inglaterra.
“O fim justifica os meios”.
“É melhor ser amado ou odiado?”.
“A importância de um exército local para garantir a ordem de um bom governo”.
”A Importância de ter um povo religioso”.
Muitos desses pontos trabalhados por Maquiavel levou nomes do pensamento dos séculos seguintes a diversas conclusões:
Diderot (XVIII), “Dentro da problemática republicana, acredito que “O Príncipe” é uma sátira entendida como elogio”.
Rousseau (XVIII), “Maquiavel teria sido obrigado pelas circunstâncias a disfarçar o amor a liberdade, simulando dar lições aos reis, quando na verdade as dava ao povo”.
Voltaire (XVIII) associava Maquiavel em rejeição radical ao amoralismo em política.
Há também discrepâncias nas interpretações, como a de Mussolini (XX) que dizia que Maquiavel teria sido precursor do Fascismo e Gramsci que associava Maquiavel ao partido proletário.
Em nível de Brasil, acredito que não haja nada mais atual em seu pensamento que a seguinte frase:
“Se for fazer algo de ruim ao povo, faça-o de uma vez, pois o povo tem memória curta e logo esquecerá, mas se fizer algo benéfico, que seja aos poucos para que seu nome seja lembrado por toda eternidade”.
Se nossos representantes políticos são todos leitores de Maquiavél , creio que seja algo complicado de se afirmar, mas que no campo da prática é perceptível que algo ficou de herança. A vida por si só nos dará esta resposta.


Marcelo Albino de Oliveira Junqueira Leite.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

As Dinâmicas Capitalistas Através das Indústrias Cosméticas e Farmacêuticas.




Ao desenvolver a Teoria Crítica, Karl Marx (1818-1883) repara inicialmente que se entendermos a dinâmica de funcionamento do mercado financeiro, automaticamente entenderíamos a cultura, religiosidade... Valores de uma determinada sociedade que vive sobre seus moldes.
Levando em consideração esta análise, procurarei destacar neste texto, duas áreas que se enquadram neste processo percebido por Marx, a indústria cosmética e a indústria farmacêutica.
Devido à própria dinâmica capitalista, a indústria e o comércio são os que mais se aproveitam do grande número ploretariado e do grande exército de mão de obra barata de reserva, podemos perceber a sua grande preocupação com a busca incessante do lucro através da geração de mais-valia.
O grande desenvolvimento industrial que ocorreu no século XIX, (Inglaterra, Estados Unidos, França) e posteriormente a com a formação do estado alemão e que reforçou a estrutura capitalista, levou ao século XX uma expansão desta industrialização por um espaço geográfico bem mais abrangente, e no Brasil não foi diferente. Junto desta expansão viria os grandes avanços tecnológicos aplicados na forma de produção.
O fenômeno que poderíamos chamar de terceira revolução industrial levou automaticamente a revolução dos meios de comunicação, através da criação do rádio e posteriormente da televisão e agora a internet. O aparecimento e a popularização destes aparelhos causariam um fenômeno muito poderoso. Eles se tornariam a maior influência sobre grande parte da população mundial. Inconscientemente a família e a escola, vão deixando de serem as principais formadoras, educadoras, aplicadoras de princípios e essa responsabilidade acaba sendo tomada pela mídia. Com o passar das décadas, a televisão assume a função de apontar o “certo e errado”, o “ético e antiético”, “moral e imoral”, ou seja, alterando uma série de conceitos que historicamente se encontravam enraizados. Dentro deste mundo novo que se forma. A propaganda também passa por um processo de modernização, ela também terá uma grande influência nos valores desta nova sociedade. A sociedade do extremo consumo.
Percebendo o imenso poder da propaganda, os investimentos cresceram absurdamente, fazendo com que grandes indústrias e comércios freqüentassem as casas por meio de TVs e rádios diariamente. Essas propagandas publicitárias foram se apresentando como ferramentas de alienação, disfarçados de simples anúncios publicitários reformulando a idéia de “felicidade”. Implantam novos padrões sociais para que o cidadão se sinta “feliz”. O cidadão deixa de ser um simples cidadão e se torna, antes de mais nada, um consumidor.
A indústria cosmética contribui com veemência para a afirmação desta recíproca, afirmando padrões de beleza instituídos por meio de alienação televisiva, revistas, jornais, rádios e outdoors.
Tendo como alvo a vaidade feminina, a indústria cosmética utiliza o marketing não apenas para expor seus produtos, mas para estipular novos padrões de estética, dos quais, o público feminino só alcança a satisfação plena através do consumo de seus produtos. Propaganda que muitas vezes dialogam inicialmente com o futuro consumidor como se ele fizesse parte de uma sociedade homogenia, cultural e economicamente, gerando um ciclo instintivo, do “querer ter” e “querer ser” para o consumo de seus produtos. A alienação afeta todas as classes, mas é o proletariado que sofrerá com as mudanças. Na busca de sua satisfação “pré-imposta”, ela vai trabalhar para que, com muito esforço conseguir ter acesso a estes produtos que a incluirão na esfera dos novos padrões colocados, levando-a assim a suposta felicidade. Felicidade com prazo de validade. Antes mesmo de usar o produto comprado com tanto esforço, a indústria cosmética já alterou estes padrões afirmando que aquela “felicidade” anterior já não serve mais. Ou seja, as metamorfoses dos padrões concebidos no universo capitalista possibilitam a eterna expectativa do lucro.
Logicamente que com o passar das décadas a indústria buscou adaptar-se a realidade. Na busca de alcançar o maior número de consumidores possível, adotou a política de produção e divulgação de produtos para classe A, B, C, D, mas a classe A, acaba a sendo a referência do povo que “quer ser” e “quer ter”.
A indústria farmacêutica, também se privilegia dessas verdadeiras “janelas para o mundo” que há dentro de nossas casas e ao nosso redor no dia-dia.
São as grandes agências de saúde, que em nome da ciência, estipulam outro tipo de padrão. O padrão de saúde. São elas que através do resultado de suas pesquisas científicas, apontam quais são as médias de peso e altura que uma sociedade saudável precisa estar enquadrada.
A indústria farmacêutica produz as drogas que levará os “inconformados” em estar fora dos padrões de saúde a consumi-los. A padronização da qualificação “saudável” se apresenta em modelos físicos norte americanos e europeus, implantando em países da América Latina, Ásia e África, onde muitas vezes o indivíduo está muito longe da realidade cultural na qual está sendo colocada como referencial, seja por circunstância sócio-econômica ou até mesmo natural.
No mundo em que tudo acontece em função do capital, este ramo da indústria certamente pode ser colocada como uma das mais cruéis. Uma indústria que é responsável de produzir curas, restringem por conta de preços altíssimos o que poderia salvar milhões de vidas.
Qualquer tipo de epidemia eleva abundantemente o preço dos remédios relacionados ao controle ou cura daquele vírus que se espalha. Um exemplo claro a ser citado é a epidemia de gripe suína. O grupo suíço Roche, detentor da patente do Tamiflu, único remédio que combate o vírus aumentou abundantemente o preço do medicamento após a explosão da epidemia no começo de 2009. A própria divulgação da epidemia pelos meios de comunicação acarreta no aumento da procura do medicamento, ou seja, a área da comunicação que deveria informar, indiretamente acaba fazendo a propaganda do produto.
Diante dos fatos apontados, o que podemos perceber dentro dessas duas áreas da indústria, assim como todas as outras, utilizam os meios de comunicação para levar os seus produtos para o maior número de consumidores possível, mas junto disso produzem um fenômeno de alteração na sociedade, e que apesar de prometerem uma suposta “felicidade”, ocasiona na verdade um grande ciclo de infelicidade contínua, ou seja, uma felicidade com prazo de validade.


Marcelo Albino de Oliveira Junqueira Leite.