quinta-feira, 7 de julho de 2011

Quilombos, Jingas e Luta de Resistência.


Quando pensamos em África, logo nos vem à idéia de escravidão, de fome miséria, e porque não dizer de certa acomodação, parece que mesmo com toda essa terrível sorte, o povo africano ainda sorri. Como isso acontece? Parece que estão aceitando a exclusão que recai sobre esses povos?

A África nos dá exemplo de resistências diversas, não somente para a sobrevivência humana, mas em várias dimensões, como cultura e religião, e prova que a manutenção do jeito de ser do povo africano é muito sutil e forte, e dentro deste sorriso está o grande sinal de resistência, mas também a história do ponto de vista eurocêntrica, tal como vimos em alguns livros, mostra o escravizado africano como passivo dentro desta situação, e acomodado em relação a colonização, ou até como indolentes mediante ao avanço da “arabização” que adotara a religião do islã.

As diversas regiões da África, por exemplo, o islã praticado por essas populações são diferentes, não seguindo a rigidez de seus costumes originais, um grande exemplo desta dinâmica é o Sudão, que tem influencias dos árabes mulçumanos, os Iorubás, que tem em sua religião o culto aos orixás, também levou essa “ludicidade” ao islã, assim fazendo um certo sincretismo entre as religiões, e criando o seu próprio jeito islamisco.

Outras lutas, também se desenharam em África como da rainha Nzinga ou rainha Jinga de Matamba, que é uma heroína Nacional de Angola, que liderou o povo guerreiro dos jaguares, três vezes, sempre enganando os Portugueses, com inteligência e sagacidade, significados atribuídos hoje a capoeira ao futebol e ao samba que carregam muito da cultura africana. Agostinho Neto o primeiro presidente da Republica Popular de Angola, Zumbi dos Palmares, a Revolta dos Malês, as guerras de independências das colônias, entre outros que são prova de uma resistência aguerrida dos diversos povos africanos.

Como resistir a séculos de exploração, mortes, e escravidão, colonizações, ditaduras, e violências causadas pelos povos europeus, que conduzem até hoje as decisões econômicas e políticas, que detém um modelo de organização social totalmente diferente dos povos africanos, com suas culturas diferenciadas, seus 54 países e 600 milhões de habitantes, com historia e dinâmicas, artes, línguas, religiões. Somente através de uma resistência não só pela força mas também pelo poder de adaptação dos povos africanos a outras formas de cultura, que sobrevive as tensões e deixa sua marca na trama do tecido de varias culturas dentro e fora da África.

Um símbolo que expressa essa resistência sutil, do povo africano é o Sankofa,o povo Akan que está na atual Gana, é um símbolo Adinkra, é um pássaro com os pés firmes no chão e o olhar para trás, a reflexão, o rever, em que o novo só se faz quando se quebra a dor e as mazelas do passado.

Por isso as lutas se dão até os dias de hoje, como no Egito, na Tunísia e na Líbia, e os povos africanos, continuam achando um jeito, uma forma, uma Jinga para driblar o poder que oprimem esses povos.



"Quebre suas correntes e serás livre...

Corte suas raízes e morrerás!"

(Provérbio Africano)

Ireldo Alves da Silva.

Um comentário:

  1. Gostei Ireldo, gostei mesmo! Escreves muito bem.

    A África é mãe! Esta presente no mundo todo, principalmente aqui no Brasil.
    Vi em um documentário que um mestre Vodun dizia que o Brasil e a África são crianças separadas ainda pequenas, possuem semelhanças imensas mesmo sem estar juntas uma a outra.

    E concordo com você quando diz que a África é um simbolo de resistência e força, seu passado nos reitera isso.

    Obrigada por compartilhar esse conhecimento. Apesar de ter muitas dúvidas ainda, por isso escrevas mais.

    Caso interesse o documentário é Atlântico Negro
    http://youtu.be/173Cl87-U_w

    Abraço.

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